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Baixa Frequência: Mais Força e Circulação em Pacientes com Insuficiência Cardíaca

Autores: Petr Dobšák, Marie Nováková, Jarmila Siegelová, Bohumil Fišer, Jiřı́ Vı́tovec, Makoto Nagasaka, Masahiro Kohzuki, Tomoyuki Yambe, Shin-ichi Nitta, Jean-Christophe Eicher, Jean-Eric Wolf, Kou Imachi


A insuficiência cardíaca congestiva é uma síndrome metabólica complexa que resulta em má perfusão sistêmica e ativação neuro-humoral, promovendo disfunções endoteliais e alterações hemodinâmicas. A consequente atrofia muscular e perda da função oxidativa podem ser parcialmente revertidas com treinamento físico. No entanto, pacientes com ICC severa frequentemente não toleram exercícios convencionais. A estimulação elétrica de baixa frequência pode representar uma alternativa viável.

Objetivo

Investigar os efeitos da EEBF sobre a força muscular e a perfusão sanguínea periférica em pacientes com ICC avançada.

Métodos

Quinze pacientes (14 homens, 1 mulher; idade média 56,5 anos) com ICC classe III–IV (NYHA) participaram do estudo. O protocolo de EEBF foi aplicado nos músculos quadríceps e panturrilhas por 6 semanas (1h/dia, 7x/semana, 10 Hz). A força muscular foi avaliada por dinamometria isométrica e isocinética semanalmente. O fluxo sanguíneo na artéria femoral foi mensurado por Doppler pulsado.

Critérios de Inclusão: Estabilidade clínica, tratamento farmacológico otimizado, ausência de mudanças terapêuticas nos dois meses anteriores.

Critérios de Exclusão: Angina instável, arritmias ventriculares, claudicação intermitente, marca-passo implantado, diabetes mellitus, doenças pulmonares crônicas.

Resultados

  • Força muscular: Fmax aumentou de 224,5±96,8N para 340,0±99,4N (p<0,001); PTmax de 94,5±41,5Nm para 135,3±28,8Nm (p<0,01).
  • Fluxo sanguíneo: A velocidade do fluxo na artéria femoral aumentou de 35,7±15,4 cm/s para 48,2±18,1 cm/s (p<0,05).
  • Parâmetros bioquímicos: Sem alterações significativas em CK, LDH, CRP, glicose e colesterol.
  • Qualidade de vida: Redução não significativa de dispneia e fadiga subjetiva. Quatro pacientes migraram da classe NYHA IV para III.

Discussão

A EEBF promove modificações estruturais nas fibras musculares, favorecendo o fenótipo oxidativo (fibras lentas) e aumentando a densidade capilar. Esse mecanismo, associado à maior produção de óxido nítrico (NO), contribui para melhor perfusão e resistência à fadiga. Os efeitos benéficos observados foram semelhantes aos relatados com exercícios tradicionais, indicando que a EEBF pode ser uma alternativa eficaz, especialmente para pacientes inaptos ao exercício convencional.


Conclusão

A estimulação elétrica de baixa frequência é uma intervenção segura, tolerável e potencialmente eficaz para melhorar a força muscular e o fluxo sanguíneo em pacientes com ICC grave. Deve ser considerada como opção complementar ou alternativa em programas de reabilitação cardíaca, especialmente em contextos domiciliares.

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